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Custos indiretos: Um recorte da produção industrializada

Por Juliana Valente, Novos Negócios da Tecverde Engenharia para Smartus

A construção civil é um dos setores de maior importância na economia, mas a alta competitividade e a crise econômica vêm limitando esse crescimento e reduzindo as margens e os lucros das empresas. De acordo com um estudo sobre a construção civil realizado pela Ernst & Young Global Limited, as empresas buscam alterar este cenário aumentando produtividade e qualidade das obras.

Uma das soluções é a industrialização, que traz uma série de vantagens quando comparada ao método convencional. A principal delas é a redução dos custos indiretos considerados na obra, fundamentais na construção e que devem ser computados no orçamento de maneira minuciosa.

Os custos indiretos se referem às despesas que não estão relacionadas diretamente com a execução do serviço no campo, mas que são necessários para que este seja realizado. Despesas administrativas, equipes de supervisão e apoio, despesas gerais do canteiro, segurança do trabalho, controle tecnológico, gestão de resíduos, consumíveis no canteiro, taxas e o custo de mobilização e desmobilização são algumas das despesas imprescindíveis previstas nos indiretos de obra.

Diversos fatores e cenários influenciam as despesas indiretas. Um dos principais influenciadores relacionado proporcionalmente é o prazo de obra. O Manual da Construção Industrializada, desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), cita que os sistemas caracterizados por métodos e processos industrializados possuem um menor prazo de execução, comparativamente ao sistema convencional, pois as etapas acabam se sobrepondo entre fábrica e obra.

Os componentes ou elementos estruturais são concebidos e produzidos em um sistema fabril com alto controle de qualidade e enviados prontos ao canteiro, de acordo com cada projeto, para serem montados, eliminando interrupções de obras devido a condições climáticas, atrasos nas entregas de insumos ou até mesmo espera da conclusão de uma etapa para o começo de outra. Em 2017, a WPI Economics publicou um artigo em que cita que as construções offsite possuem reduções de 30% do tempo e 25% do custo na obra.

Como até 85% do processo pode ser automatizado, as estruturas são enviadas à obra conforme um cronograma definido no início do projeto, com medidas e proporções precisas. Desta forma, é programada uma linha de montagem, conforme ocorre na indústria automobilística, eliminando a necessidade de espaço para produção in loco e de área para estocagem, o que reduz a complexidade e o custo de instalação do canteiro de obra.

A racionalização de processos e a mecanização das atividades no canteiro estão entre as práticas positivas para melhorar a qualidade da obra. A construção industrializada oferece maior eficiência na utilização de mão de obra, assim como se verifica menor demanda de maquinários e ferramentas no canteiro, havendo um corte considerável de consumíveis.

Na Tecverde, os painéis são produzidos em ambiente fabril com todos os elementos das camadas – incluindo as partes elétrica e hidráulica internas – e enviados a campo com a instalação antecipada de esquadrias. Na etapa da obra, é realizada apenas a montagem dos painéis e os acabamentos, trazendo uma logística mais assertiva ao projeto, maior produtividade, aumento na qualidade e maior controle do serviço de campo, redução do manuseio no local, eliminação de movimentos de veículos pesados em campo, restringimento do trabalho em altura e uma redução de equipes de montagem, com menos encarregados para supervisão e apoio.

Desta maneira, ocorre uma redução dos riscos trabalhistas, uma das maiores ameaças à construção civil, principalmente quando relacionados ao meio ambiente de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela HSE Statistics, os acidentes na construção civil convencional são cinco vezes maiores do que na construção industrializada.

A construção off-site promove um canteiro com melhores condições de logística, mobilizado por menos tempo, com total previsibilidade e benefícios ambientais, como redução de CO2, maior aproveitamento de resíduos e baixo índice de desperdício na construção, eliminando perdas consideradas comuns nas construções convencionais.

Um estudo realizado nos Estados Unidos pela National Institute of Building Sciences mostra que 87,6% dos entrevistados optaram por construções off-site no ano de 2018, lembrando que o setor da construção civil representa aproximadamente 6% do PIB americano.

De modo geral, os processos construtivos industrializados são uma grande solução na construção civil, pois resultam em reduções significativas nos serviços durante a etapa de obra, no uso de insumos e nos custos. Com o aproveitamento mais eficiente dos recursos de mão de obra, verifica-se a diminuição de problemas operacionais nos canteiros e o restringimento de processos trabalhistas.

A partir dessas melhorias, de forma indireta, outros itens podem ser beneficiados, como a utilização mais eficiente do canteiro de obra e a redução do prazo de entrega, melhorando, assim, o fluxo de caixa do empreendimento.

 

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